A Casa de Anne Frank não é o passeio mais agradável em Amsterdam mas é um dos mais necessários. Quando eu lí o Diário de Anne Frank há muitos anos atrás, fiquei impressionada com a história da menina escondida por 2 anos num espaço diminuto, juntamente com a família e outras pessoas. Essa era uma realidade distante de mim até que entrei na casa, que hoje é um museu.
É uma visita à opressão e à luta pela sobrevivência. Você fica imaginando como conseguiria viver daquela maneira por tanto tempo. De um momento para o outro você sai das páginas do livro e passa para a realidade que se esconde por trás da estante: o quarto, o banheiro, a escada que dá para a janela por onde ela podia ver a castanheira e nesses poucos momentos, ter contato com a natureza lá fora.
Após a liberação de Auschwitz, Otto Frank volta à Amsterdam e descobre que foi o único sobrevivente do anexo. Em meio à dor, encontra o Diário da filha. A primeira publicação saiu em 25 de junho de 1947 e até o momento já foi traduzido para 67 línguas e vendeu 30 milhões de cópias.
Por que eu me impressiono tanto com o pai de Anne Frank? Porque ele transformou a dor da perda não em um hino de esperança para a humanidade. Evidentemente que os horrores do nazismo estão lá. Mas Otto fez muito mais do que mostrar isso: transformou o Diário da filha em museu contra a intolerância. É impossível sair de lá sem refletir que ainda existem milhares de anexos como aquele espalhados pelo mundo.
Quando Nelson Mandela saiu da prisão, disse que a história da menina judia oprimida em um cubículo tinha sido fonte de inspiração e esperança durante o cativeiro e eu acho que esse é o sentimento que temos ao sair do museu: esperança de que a humanidade pode ser melhor.
Otto Frank cuidou pessoalmente da museu e de sua mensagem para o mundo até a sua morte em 1980.